Quem acompanha João Kepler sabe que, com recorrência, fala sobre as diferenças no processo de investimento nos considerados ativos tradicionais e nos chamados investimentos alternativos, grupo do qual as startups fazem parte. E totalmente atrelado a esses esclarecimentos está um fator que é compartilhado quase que de maneira universal em finanças: o poder da diversificação.
O economista Harry Markowitz ganhou seu prêmio Nobel com a chamada teoria moderna do portfólio, na qual comprovou o quanto um portfólio com ativos descorrelacionados se torna vencedor na relação entre risco e retorno. Todo esse “economês” pode ser simplificado com o famoso ditado popular: “não coloque todos os seus ovos na mesma cesta.”
O racional que baseia essa teoria é relativamente simples, imagine que você possua uma carteira de investimento com apenas três ativos e todos eles são aplicativos de transporte. Caso este mercado se consolide e todas as empresas consigam performar perfeitamente acima de todos os outros setores, você terá um retorno espetacular. Entretanto, uma simples mudança regulatória que impeça essa atividade, faria toda a sua carteira rapidamente virar pó.
Logo, a grande chave aqui é a constatação de que a questão da diversificação não foca necessariamente no maior retorno, mas sim na melhor relação risco X retorno possível, que deve ser o principal objetivo buscado por qualquer investidor.
E é preocupante observar ainda que, apesar dessa cultura já ser bastante difundida entre os investidores da bolsa de valores, muitos que chegaram agora ao mercado de Venture Capital, se enganam e pensam que será diferente com essa classe de ativos. Obviamente, diversificar em startups exige um conhecimento, mas como já disse em diferentes ocasiões, é também extremamente recomendado que um investidor possua em seu portfólio ao menos 10 empresas, para conseguir atingir uma melhor relação risco x retorno.
E a convexidade?
Acontece porque quando se investe um valor fixo em uma Startup, se não der certo, gera uma perda LIMITADA. Por outro lado, esse valor aportado, pode gerar possibilidades de multiplicar e muito o valor investido, gerando ganhos ILIMITADOS.
Claro que não adianta apenas a diversificação e entender a convexidade para o sucesso nesse tipo de investimento, mas também tomar boas decisões de alocação. Iniciativas como as da Bossanova Investimentos em seus modelos de Pools (grupos fechados e seletos de investidores profissionais e qualificados), permitem essa prática e diversificação, além do compartilhamento de conhecimento, bem como boas práticas. E é o que busco fazer para colaborar principalmente com quem está começando a entender o Ecossistema Empreendedor.
* Texto retirado do blog do João Kepler e reproduzido aqui no Clube do Palestrante.
Foto de capa: Desola Lanre-Ologun