“Sinto muito, vai ter que voltar lá no fim da fila.”
Na falta ou descuido de trabalhar e desenvolver suas próprias forças e virtudes, o ser resolve que um “Outro” precisa fazer isso por ele.
Junto com muitos outros seres que pensam da mesma forma, que querem o bônus sem pagar o ônus, conseguem criar uma estratégia de recolhimento da energia alheia, onde escolhem representar a vítima, o coitado ou o indefeso a ser salvo. Conseguem transformar uma fraqueza interna em Força pedinte e mandatória.
Desenvolver o Amor Próprio, a Independência Financeira, a Expressão de um Trabalho Valoroso, gera muito esforço e disciplina. É um projeto de realização onde os benefícios aparecem a longo prazo. Aquilo que se começa aos 23 para colher aos 40, 45, 50 anos.
Mas o ser não quer saber disso, quer suprir seus desejos e necessidades no aqui agora.
Resolve que Outros que já estão na fila do desenvolvimento de suas potências, e que já conseguiram algum resultado com seu próprio esforço, precisam patrocinar suas expectativas e desejos infinitos, que nunca acabam.
Já percebeu? Nunca acabam.
Esses desejos infinitos provém daquele “buraco interno”, que precisa ser preenchido de Amor Próprio e que nunca se fechará por afeto externo. Somente o ser pode e deve cuidar disso sozinho. Mas, ele, misteriosamente, prefere furar a fila. Prefere voar com a asa alheia, pois construir a sua dá muito trabalho.
O ser chama esse “patrocínio alheio de alguém que tem mais” de Justo. Sim, pois já que o outro tem energia sobrando, tem a obrigação de lhe dar o que ele mesmo deveria se esforçar para conseguir.
Essa estratégia funciona brilhantemente, por algum tempo.
Mas um dia, inevitavelmente, a energia que vem de fora seca. A Natureza viu o “furar da fila”. Ela mesma trata de desvelar a estratégia e encerrar o patrocínio.
Qual a Reação do ser quando a estratégia é descoberta pela Natureza?
Ofensa, acusação, reclamação, chantagem, vingança. Não com a Natureza, com o “Outro”.
O ser se enfurece e exige uma recompensa, pois o Outro não lhe deu mais aquilo que o ser tem certeza absoluta que é dele.
A Natureza, como um Sherlock Holmes, filma tudo, gera evidências e demonstra o segredo da estratégia ao ser: A fraqueza, em vez de se desenvolver, escolheu virar força pedinte. Que virou poder manipulatório, que virou insatisfação constante por desejos infinitos não realizados. Que se revelou por causar tristeza e aprisionamento do outro, em vez de alegria. Que fez secar a fonte, que virou ofensa, rancor e vingança pelo disparate do Outro não dar ao ser aquilo que ele mesmo teria que se esforçar para conseguir.
A tentativa de furar a fila do autodesenvolvimento não deu certo. Gerou tensão, turbulência e tristeza para muitos. A Natureza dá um tempo para refletir e refazer a estratégia. Se mesmo assim, o ser não se toca, dá sua sentença:
Vai ter que voltar lá atrás, onde parou.
No exato momento em que, na oportunidade de se esforçar e trabalhar para desenvolver suas forças e virtudes e expressar sua potência, o ser delegou a árdua tarefa de desenvolvimento de si próprio, para outro que já estava um pouquinho na frente.
Diz a Natureza: – Quer voar com a asa alheia? Sinto, vai ter que voltar lá no fim da fila.
* Texto escrito por Eduardo Carmello, publicado originalmente no LinkedIn e reproduzido aqui no Clube do Palestrante.
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